Neste post comento sobre minha viagem à Cité de Carcassonne, na região francesa do Languedoc, local da ambientação do livro Labirinto, escrito por Kate Mosse.
Antes de tudo saliento a minha satisfação. É sempre muito interessante estar em locais tão antigos, descritos em livros que nos prendem por muitos dias.
Visitei a Cité de Carcassone no momento certo e ao mesmo tempo errado. Foi em uma viagem que fiz à França no começo do mês de março, pouco antes da pandemia de Covid-19 ser declarada.
![Muralhas na Cité medieval de Carcassonne](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Muralhas-de-Carcassonne-1024x498.jpg)
Apesar disso, minha expectativa era encontrar uma atmosfera realmente medieval. Entretanto confesso que ao percorrer as ruas da Cité, num primeiro momento lamentei encontrar algo muito mais ¨moderno¨do que havia imaginado.
Parte disto se justifica pelas muitas restaurações (nem sempre adequadas) que aconteceram na cidade em diferentes épocas.
Contudo, além de uma parte um pouco mais moderna, Carcassonne é famosa por sua cité medieval com fortificações de paredes duplas que começaram a ser construídas em tempos galo-romanos.
A Cité de Carcassonne
![Muralhas na Cité medieval de Carcassonne](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/plan-cite-carcassonne-1024x793.jpg)
Um local histórico, palco de muitas batalhas, como a cruzada albigense, convocada em março de 1208 pelo papa Inocêncio III contra a seita de cristãos do Languedoc, os cátaros, considerados hereges.
Mas não visitei o centro da cidade. Concentrei minha visita na cidade medieval, cercadas por muralhas antigas, que nos leva a uma volta ao tempo dos cátaros e às guerras que ali travaram.
![Muralhas na Cité medieval de Carcassonne](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/muralha-1.jpg)
Assim entramos pela Porte Narbonnaise, principal entrada da cité, onde logo avistamos o busto da Dama Carcas. Esta figura lendária deu origem ao nome da cidade, por ter vencido um cerco de mais de 1 ano, ao jogar um porco cheio de grãos pela muralha. A cidade dava ao inimigo a impressão que resistiriam muito ainda, escondendo a escassez de alimentos que os assolava.
![Muralhas na Cité medieval de Carcassonne](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/A-Dama-Carcas-498x1024.jpg)
A vitoriosa estratégia fez Dama Carcas ordenar que todos os sinos da cidade soassem ao mesmo tempo, em comemoração do fim do cerco, Os sons foram ouvidos a longa distância, ou seja, Carcas (sonne = som, em francês).
![](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Porte-Narbonnaise-498x1024.jpg)
Bem como qualquer lugar turístico, muitos restaurantes, lojinhas de souvenirs, produtos regionais dão ao visitante a possibilidade de perambular pelas ruelas estreitas ou, se preferir, caminhar ao redor das muralhas.
![](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Porte-Aude-498x1024.jpg)
Visitar a cidade no final do inverno pode ser uma boa estratégia para evitar o grande número de turistas que invadem a cidadela no verão. Têm-se as ruas mais vazias, o comércio e os restaurantes menos disputados, embora muitos atuem em horários reduzidos ou permaneçam fechados até abril.
![Vitrais da Basilique Saint-Nazaire](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/vitrais-da-igreja-1.jpg)
O Château Comtal
Os principais atrativos dentro da Cité são a visita a Basilique Saint-Nazaire, com seus vitrais de mais de 700 anos, que foram desmontados e escondidos dos nazistas nas montanhas locais e o Château Comtal.
![Entrada do Château Comtal](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/entrada-chateau-comtal-1024x498.jpg)
Trata-se de outra fortificação dentro da Cité Medieval, ou sua última linha de defesa, que pertenceu aos viscondes de Trencavel. É também o único acesso a uma parte das muralhas com vista para os Pirineus.
No Château Comtal, um museu conta a história da cidade do renascimento até os dias atuais, com maquetes, projeções e objetos. O acesso custa 9,50 euros.
![Pátio interno do Château Comtal](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/patio-interno-chateau-comtal-1024x498.jpg)
Embora tenha começado com um objetivo religioso, a cruzada albigense foi uma guerra de ocupação que marcou o fim da independência do Sul e a destruição de suas tradições, ideais e modos de vida.
E por falar no visconde de Trencavel, vamos ao livro Labirinto, de Kate Mosse.
O livro: Labirinto – de Kate Mosse
Em princípio, o livro que me despertou grande interesse por Carcassonne foi O Labirinto, da escritora Kate Mosse.
Boa parte da história foi ambientada no Château Comtal, para falar da derrota da cidade perante a Hoste, como era conhecido o exército frânces, que perseguia os cátaros a mando da igreja e do interesse de muitos franceses pelas terras do Languedoc.
Kate Mosse ambienta sua história na Carcassonne de 2005 e de 1209 simultaneamente.
Um achado arqueológico desencadeia uma sequência de acontecimentos que liga a protagonista Alice (2005) à sorte dos cátaros (1209). E o estranho labirinto parece ligar tudo isto a um segredo que remonta a milhares de anos e aos desertos do antigo Egito.
Assim, a descrição da cidade em duas épocas distintas em Labirinto e seu ambiente de mistérios, guerras e amores, nos faz colocar Carcassonne na lista de cidade medievais imperdíveis.
Labirinto – o filme
![Capa do DVD - Labirinto](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/labirinto-o-filme.png)
Em 2012 Labirinto ganhou sua versão cinematogrática, com direção de Christopher Smith. Além de Carcassonne, vemos também outras fortificações utilizadas pelo cátaros, hoje em ruínas, mas que ainda permitem visitações.
![Tom Felton, no filme Labirinto](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/Tom-Felton-Labirinto.jpg)
O elenco, conta com a participação de Tom Felton (O Draco Malfoy de Harry Potter) no papel do visconde de Trencavel e John Hurt (o Olivaras – de Harry Potter).
![Tom Felton no filme Labirinto](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/imagem-do-filme-labirinto.jpg)
Se você viu o filme Labirinto, vai reconhecer onde um dos preciosos livros da trilogia é escondido, atrás de uma pedra, próximo à pia batismal da igreja de Saint Nazaire, na Cité Medieval. A gente entra na igreja e lembra direitinho o local.
![Pia batismal de Saint Nazaire, em Carcassonne](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/06/saint-Nasari-1024x498.jpg)
Tanto o livro, quanto o filme nos despertam a vontade de conhecer um pouco mais sobre os cátaros e as tradições do Languedoc.
E visitar Carcassonne tem um sabor diferente após tudo isso.
Dicas práticas para sua viagem à Carcassonne
Como chegar?
Optamos pelo trem pois partíamos de Lyon (3 horas). Mas Carcassonne está a aproximadamente 93 km de Toulouse e a 770 km de Paris. A estação de trem (Gare de Carcassonne) fica a 2.5 km de distância da cité medieval e ao chegar pegamos um táxi que nos levou a um estacionamento fora da Cité. Ali aguardamos o carro do nosso hotel localizado dentro da cité. Lá só é permitida a entrada de veículos autorizados.
Onde ficar?
Há opções de hospedagens dentro e fora da cité medieval, com preços variados. Pelo pouco tempo que tínhamos optamos por ficar na Cité e nossa opção foi o Best Western Hotel Le Donjon.
Foi uma ótima escolha, mas acabamos não saindo da cité, deixando o centro de Carcassonne para outra oportunidade.
O que comer?
Não poderia deixar a cidade sem experimentar um dos pratos mais tradicionais do Languedoc, o Cassoulet, mistura de feijão branco, pato confit e outras carnes, gratinado, delicioso!
Há muitas opções para degustar um Cassoulet na Cité. Fugimos um pouco dos ¨pega turistas¨ da praça principal e optamos por um restaurante que mistura tradição e modernidade, o La Table de Alais.
O chef Jeremy Thomann é membro da Academie du Cassoulet e embora tenha uma indicação Michelin, oferece até opções de cassoulet para viagem.
![Cassoulet do restaurante La Table de Alais](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2020/07/Cassoulet-do-La-Table-de-Alais-1-819x1024.jpg)
Vale muito experimentar. Já ouvi histórias que o cassoulet era o prato que os habitantes da cidade, em tempos de guerra, ofereciam aos soldados. Cada um contribuía com um pedaço de carne e o resultado aquecia e fortalecia a todos.
Bon appetit!
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E se você quer conhecer outros lugares medievais na França veja o post: Saint Malo – a cidade do escritor Chateaubriand
![Vivian Ferreira](https://www.virvinhas.com.br/wp-content/uploads/2018/11/Celular-394.jpg)
Publicitária, escritora e mãe da Pink e da Charlotte.
Além de escrever, amo falar sobre livros e viagens.